sexta-feira, 13 de abril de 2012

dói, passa e fica.

Ela entrou no bar já sem rumo, sem saber direito o que estava fazendo alí. Foi pedindo licença até alcançar o garçom e pedir aquele drink que estava acostumada a pedir dois. Dessa vez, só podia um. Ela estava sozinha. Não tinha a sua companhia risonha e barulhenta, mas tão divertida. Ela tomos a bebida de uma vez, bateu o copo no balcão e se deu conta que não tinha dinheiro para pedir mais. Estão tentou se acomodar naquele banco inquieto e redondo. Na boca do copo, ela fazia círculos com o indicador enquanto enxugava as lágrimas que escorreram no rosto e borraram a maquiagem tão caprichosamente desenhada. Por dentro uma tristeza monstruosa, por fora lágrimas silenciosas. Ela não conseguia entender como perdera aquele cara em quem sempre teve apoio e conforto necessário para enfrentar o dia. Ainda pediu cigarros ao garçom que  entregou um apenas. Muitos reclamaram da fumaça e do cheiro que consumia todo o local. Ela pediu mais um cigarro, como se ele pudesse amargar o doce do beijo dele. O garçom vendo que ela não iria ter dinheiro para pagar, disse arrogante que tinham acabado. Ela levantou-se do banco no balcão, olhando pro chão deixou o lugar sem falar nada. Na rua a dor a consumia quase que inteiramente. Ela sabia que passaria. Que iria doer muito antes, que faria muito frio antes. Mas ela suportaria tudo, como já fizera tantas outras vezes. Iria doer, mas passaria e ficaria histórias, lembranças, sabores e lágrimas. Mas tudo que passa é assim.  Fica algo que não se pode destruir. Fica algo que ninguém pode alcançar ou substituir. Fica ele nela. Mas passa.

Vanessa Mano

Inspirado em 'Passa e Fica- Scracho'

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